O Manejo Multidisciplinar de Pacientes com NF1

Por Equipe NF1 Study Hub|Publicado em 20 de agosto de 2025

Introdução#

Devido à sua natureza multissistêmica, a Neurofibromatose Tipo 1 (NF1) demanda uma abordagem clínica abrangente e coordenada. As manifestações da doença podem comprometer pele, sistema nervoso, ossos, olhos e vasos sanguíneos, exigindo atuação integrada de diferentes áreas médicas.

O manejo multidisciplinar não apenas aumenta a acurácia diagnóstica e a eficiência terapêutica, mas também melhora os desfechos funcionais e a qualidade de vida dos pacientes. Estudos recentes reforçam que a integração de especialidades reduz em até 40% o tempo médio até o diagnóstico definitivo (Korf, 2024).

Equipe Essencial#

A equipe multidisciplinar deve ser composta por especialistas capazes de identificar precocemente complicações e implementar intervenções adequadas:

  • Neurologista – acompanha o desenvolvimento neuropsicomotor, avalia cefaleias, epilepsia, dificuldades de aprendizado e monitora tumores do sistema nervoso central e periférico.
  • Dermatologista – realiza a avaliação sistemática de neurofibromas cutâneos e plexiformes, orientando sobre risco de transformação maligna e possíveis abordagens terapêuticas (cirurgia, laser, farmacoterapia).
  • Oftalmologista – fundamental para o rastreamento de gliomas ópticos e detecção de nódulos de Lisch, utilizando avaliação periódica com lâmpada de fenda e exames de imagem.
  • Ortopedista – acompanha deformidades ósseas típicas da NF1, como escoliose distrófica, pseudoartrose e displasias ósseas, definindo o momento adequado para órteses ou intervenções cirúrgicas.
  • Oncologista – atua nos casos de transformação maligna, sobretudo em tumores malignos da bainha do nervo periférico (MPNST), conduzindo protocolos combinados de cirurgia, quimioterapia e radioterapia.
  • Geneticista clínico – essencial para o aconselhamento genético, esclarecimento da hereditariedade e planejamento reprodutivo.
  • Psicólogo e pedagogo – contribuem com suporte às dificuldades cognitivas, distúrbios de aprendizado e impacto psicossocial da doença.

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Comunicação e Coordenação#

O elemento central do manejo multidisciplinar é a comunicação contínua entre os especialistas. A utilização de protocolos compartilhados e registros clínicos integrados possibilita:

  • Definir periodicidade adequada de exames de imagem e avaliações clínicas;
  • Antecipar complicações potenciais, como transformação tumoral ou deformidades ósseas progressivas;
  • Ajustar condutas terapêuticas de forma dinâmica, conforme a evolução individual do paciente;
  • Reduzir redundâncias em exames, otimizando recursos e custos assistenciais.

Segundo o Ministério da Saúde (2023), o acompanhamento estruturado em centros de referência possibilita intervenções precoces e melhora dos desfechos clínicos de forma mensurável.

Considerações Finais#

O manejo multidisciplinar da NF1 transcende a mera soma de especialidades. Trata-se de um modelo integrado de cuidado, que reconhece a heterogeneidade clínica e responde às necessidades físicas, cognitivas e sociais do paciente.

A criação de centros de referência em neurofibromatoses representa um caminho promissor, permitindo padronização de protocolos, acesso a terapias inovadoras e suporte ampliado às famílias (Friedman et al., 2021).


Referências#

  1. KORF, Bruce R. Neurofibromatosis type 1 (NF1): pathogenesis, clinical features, and diagnosis. UpToDate, 2024.
  2. TSIRIKOS, Andrew I.; et al. Spinal deformity in neurofibromatosis type 1. Bone Joint Journal, 2012.
  3. FRIEDMAN, Jan M.; et al. Neurofibromatosis: Phenotype, Natural History, and Pathogenesis. Johns Hopkins University Press, 2021.
  4. BRASIL. Diretrizes para o acompanhamento clínico da neurofibromatose tipo 1. Ministério da Saúde, 2023.